Os 10 capítulos de Meguilat Esther e as 10 Sefirot.
O Livro de Esther (Meguilat Esther) é profundamente místico e cabalístico. É um dos 24 livros do Tanach, mas o nome de D’us nunca é explicitamente mencionado no texto. No entanto, é amplamente entendido que sempre que o termo "o rei" aparece sem qualquer qualificador, ele secretamente alude a Dus. Embora o significado simples se refira ao rei Assuero, em um nível místico, "o rei" se refere ao Rei dos Reis, o próprio D'us. Vou mostrar exemplos em que o texto parece descrever o Imperador Persa, mas secretamente está se referindo a D'us, cujas digitais estão por toda a história.
A palavra "meguilah" (מגילה) significa um rolo, mas também significa "descobrir" (לגלות). Assim como você desenrola um rolo, a megillah representa uma revelação ou descoberta. O nome Esther (אסתר) significa "oculta", o que é apropriado, pois seu verdadeiro nome judaico era Hadassah (הדסה). Esther era seu nome persa, conectado a uma divindade estrangeira, Astarte, e à lua. É irônico que hoje Esther seja considerado um nome essencialmente judaico, enquanto seu nome judaico original, Hadassah, é menos comumente usado
Os 10 capítulos da Meguilah Esther correspondem às 10 Sefirot, e cada capítulo revela significados ocultos conectados a esses atributos divinos.
O primeiro capítulo corresponde a Keter (vontade), estabelecendo o cenário para toda a história. A primeira das dez sefirot, Keter (Coroa), representa a força de vontade, pois tudo começa com a vontade de agir. Keter está associado ao número 620, que corresponde aos 620 pilares de luz através dos quais Deus criou o universo. Esses 620 pilares são refletidos nos 620 mandamentos da Torá — 613 para o povo judeu e 7 para toda a humanidade (as leis Noaíticas). Os Dez Mandamentos contêm exatamente 620 letras, simbolizando que todos os 620 mandamentos estão encapsulados neles. O Baal HaTurim explica que, quando uma pessoa estuda e cumpre a Torá com intenções puras, ela se torna uma coroa espiritual (Keter) sobre sua cabeça, alinhando sua vontade com a vontade de Deus.
O segundo capítulo, que introduz Mordechai, corresponde a Chokhmah (sabedoria), pois Mordechai representa a transição da profecia para a sabedoria rabínica.
Agora, no segundo capítulo, somos apresentados a Mordechai (מָרְדְּכַי), e no terceiro capítulo, conhecemos Haman (הָמָן). Haman está conectado à Sefirá de Binah (בִּינָה), que representa o entendimento. Essa conexão é complexa, mas reforça a ideia de que mesmo as forças do mal estão, em última instância, sob o controle de Deus. Os sages fazem essa conexão explícita, apontando que Haman é aludido na própria Torá. Na história do Jardim do Éden, quando Deus pergunta a Adão: "Você comeu da árvore (הֲמִן־הָעֵץ)?", a palavra "הֲמִן" (hamin) é uma alusão direta a Haman. Isso é significativo porque Haman acabou sendo enforcado em uma árvore (עֵץ), a própria forca que ele havia preparado para Mordechai. Essa conexão entre Haman e a árvore do conhecimento do bem e do mal (עֵץ הַדַּעַת טוֹב וָרָע) é profundamente mística.
O Zohar explica que a árvore do conhecimento representa uma mistura de bem e mal, uma confusão que trouxe a morte ao mundo. Em contraste, a árvore da vida (עֵץ הַחַיִּים) representa a sabedoria divina pura, que traz a vida eterna. Haman, como descendente de Amalek (עֲמָלֵק), personifica a energia da árvore da morte, o lado negativo de Binah. É por isso que ele está conectado à árvore do conhecimento, que, quando mal utilizada, leva à destruição e ao caos.
O Zohar explica ainda que a árvore da vida está associada ao estudo da Torá e da Cabalá, que leva à sabedoria divina e à unidade. Em contraste, a árvore do conhecimento representa a obsessão com detalhes legalísticos e divisões dentro do judaísmo. O Zohar adverte contra o foco excessivo nas minúcias da halacha (lei judaica) sem entender os princípios mais profundos e unificadores da Torá. Isso é simbolizado pela árvore do conhecimento, que, quando levada ao extremo, pode levar à morte espiritual.
Haman representa essa energia negativa, o uso indevido do conhecimento para poder e controle. Sua queda, sendo enforcado na própria árvore que preparou para Mordechai, simboliza o triunfo final da justiça divina e a reversão das fortunas que é central na história de Purim.
No quarto capítulo, o povo judeu está em angústia, jejuando, orando e vestindo sacos e cinzas. Isso corresponde à Sefirá de Chesed (חֶסֶד), que representa a misericórdia divina. Os judeus estão acessando a misericórdia de Deus por meio de seu arrependimento e orações. Mordechai, como profeta, tranquiliza Esther de que a salvação é garantida, mas ela tem a escolha de desempenhar um papel nela. Esta é uma mensagem poderosa para todos nós: a salvação virá, mas temos a oportunidade de ser participantes ativos em trazê-la.
O quinto capítulo corresponde à Sefirá de Gevurah (גְּבוּרָה), que representa o julgamento. Aqui, Esther se aproxima do Rei Assuero em um momento de julgamento, arriscando sua vida para salvar seu povo. Ao mesmo tempo, Haman está tramando enforcar Mordechai, enfatizando ainda mais o tema do julgamento e da justiça.
O sexto capítulo é o ponto de virada da história, correspondendo à Sefirá de Tiferet (תִּפְאֶרֶת), que representa a beleza e a verdade. É aqui que a verdade começa a emergir, e os planos de Haman começam a se desfazer. Sua própria esposa, Zeresh, diz a ele que, se Mordechai é de descendência judaica, Haman não será capaz de derrotá-lo. Esse momento de verdade prepara o cenário para a queda de Haman.
O sétimo capítulo corresponde à Sefirá de Netzach (נֶצַח), que representa a vitória. Aqui, Haman é enforcado na forca que preparou para Mordechai, e os judeus são vitoriosos. Essa é a reversão final da sorte, um tema-chave de Purim.
O oitavo capítulo corresponde à Sefirá de Hod (הוֹד), que representa esplendor e gratidão. Após a execução de Haman, Mordechai é elevado a uma posição de honra, e os judeus recebem o direito de se defender. Este capítulo também marca o início das conversões em massa ao judaísmo, à medida que as pessoas reconhecem o esplendor do povo judeu e sua conexão com Deus.
O nono capítulo corresponde à Sefirá de Yesod (יְסוֹד), que representa a fundação. Aqui, os judeus celebram sua vitória e estabelecem a festa de Purim. Este capítulo também contém uma profecia oculta sobre os julgamentos de Nuremberg, onde dez dos principais oficiais de Hitler foram enforcados, espelhando o enforcamento dos dez filhos de Haman. Essa conexão foi até reconhecida por Julius Streicher, um dos condenados, que supostamente disse: "Purim Fest 1946" ao ser levado à forca.
Finalmente, o décimo capítulo corresponde à Sefirá de Malchut (מַלְכוּת), que representa a realeza. Este capítulo é breve, quase vazio, simbolizando Malchut como um vaso que recebe a energia divina das Sefirot superiores. Ele conclui com a ascensão de Mordechai ao poder como vice-rei da Pérsia, segundo apenas ao rei. A liderança de Mordechai traz paz e unidade, personificando a energia divina de Malchut e apontando para a redenção final.
A Meguilah também alude às sete profetisas de Israel, que correspondem às sete Sefirot inferiores. Essas profetisas—Sarah, Miriam, Deborah, Hannah, Abigail, Hulda e Esther—cada uma personifica qualidades espirituais únicas. Por exemplo, Miriam está associada à água e à bondade, enquanto Esther representa Malchut (realeza), a Sefirá final.
Em resumo, o Livro de Esther é um texto profundamente místico que revela a presença oculta de D'us na história. Através de seus dez capítulos, vemos a interação das dez Sefirot e descobrirmos seus atributos, a reversão das fortunas e o triunfo final do bem sobre o mal. Purim nos lembra que, mesmo quando Deus parece oculto, Ele está sempre presente, guiando e protegendo-nos.
Para estudar a Meguilah de Esther acompanhe as intruções do Kahal - Rab. Maguid SelMek https://www.youtube.com/@MAGUIDSELMEK