A sequência de três Eclipses Lunares consecutivos ocorrendo nas festividades de Purim nos anos de 2024, 2025 e 2026, é algo bastante incomum e chamou minha atenção. Esses eclipses não são aleatórios, mas estão intrinsecamente ligados ao calendário hebraico e aos temas do Livro de Esther. Vamos detalhar as informações sobre esses eclipses e seu significado potencial.
Esta crônica analisa a ocorrência de Eclipses Lunares coincidindo com as festividades de Purim, tanto no período atual (2024-2026) quanto nos últimos 100 anos (1924-2024). Porém, a sequência de três Eclipses Lunares consecutivos em Purim (2024, 2025, 2026) é um fenômeno raro e não vimos outros momentos em que tenha ocorrido no período, assim como, os eclipses solares coincidindo com Purim são ainda mais incomuns.
Eclipses Lunares Consecutivos em Purim:
1. O Primeiro Eclipse de Purim (24-25 de março de 2024).
- Tipo de Eclipse: Eclipse Lunar Penumbral(visível em partes da América, Europa e África).
- Data Hebraica: 14 de Adar II (Purim).
- Constelação: Virgem.
- Significado: Este eclipse ocorre exatamente na data de Purim, que é celebrado no 14 de Adar (ou Adar II em anos bissextos). A constelação de Virgem, associada ao conceito de colheita e redenção, ressoa com a libertação do povo judeu na história de Ester. No Antigo Testamento, a ideia de redenção e proteção divina é destacada em passagens como Salmos 126:1-2, que fala sobre a restauração de Sião, e Isaías 62:4, que menciona a alegria da redenção. A conexão com Virgem também pode ser vista como um lembrete da promessa divina de cuidado e restauração, como descrito em Jeremias 31:10-12.
2. O Segundo Eclipse de Purim (14 de março de 2025).
- Tipo de Eclipse: Eclipse Lunar Total (Lua de Sangue - visível nas Américas, Europa e África).
- Data Hebraica: 14 de Adar (Purim Meshulash - Purim Triplo - Para entender melhor do quê se trata, leia a crônica: Purim Meshulash e Eclipse Lunar Total. Como seu simbolismo de transformação se alinha perfeitamente com os temas de Purim? Onde as fortunas são invertidas e o oculto é revelado?).
- Constelação: Virgem.
- Significado: Este eclipse lunar total, frequentemente chamado de "Lua de Sangue", ocorre novamente no 14 de Adar, a data de Purim. A constelação de Virgem, associada à ideia de colheita e redenção, reforça os temas de libertação e intervenção divina presentes na história de Ester. No Antigo Testamento, a lua é frequentemente mencionada como um sinal celestial, como em Bereshith 1:14, onde os luminares são designados para marcar tempos e estações. Além disso, a cor vermelha da lua durante um eclipse total pode ser associada ao conceito de juízo e redenção, como visto em Joel 2:31, que descreve a lua se tornando em sangue antes do "grande e terrível dia do Senhor". Esse eclipse pode ser interpretado como um sinal de que Deus está trabalhando para proteger e redimir Seu povo, assim como fez no tempo de Ester.
3. O Terceiro Eclipse de Purim (3 de março de 2026).
- Tipo de Eclipse: Eclipse Lunar Parcial visível na Ásia, Austrália e partes das Américas.
- Data Hebraica: 14 de Adar (Purim).
- Constelação: Virgem.
- Significado: O terceiro eclipse nesta sequência é um eclipse lunar parcial, ocorrendo novamente em Purim. O retorno à constelação de Virgem reforça os temas de redenção e proteção divina. A natureza parcial do eclipse pode simbolizar o processo contínuo de revelação e o cumprimento parcial de eventos proféticos. No Antigo Testamento, a ideia de revelação progressiva é encontrada em passagens como Amós 3:7, que afirma que Deus não faz nada sem revelar Seus planos aos Seus servos, os profetas. Além disso, a constelação de Virgem, associada à colheita, pode ser vinculada a Isaías 27:12-13, que fala sobre a colheita final do povo de Israel e sua restauração. Esse eclipse parcial pode ser visto como um lembrete de que, embora nem tudo esteja completamente revelado, Deus está no controle e Seus propósitos serão cumpridos.
Houve vários Eclipses Lunares que coincidiram com Purim nos últimos 100 anos.
- 1950: 2 de março de 1950 (14 de Adar) – Eclipse Lunar Total.
- 1968: 13 de março de 1968 (14 de Adar) – Eclipse Lunar Total.
- 1986: 24 de março de 1986 (14 de Adar II) – Eclipse Lunar Penumbral.
- 2007: 03 de março de 2007 (14 de Adar) – Eclipse Lunar Total.
No entanto, importante ressaltar, que em nenhum dos eventos houveram anos consecutivos como estamos esperienciando, agora.
Quanto aos Eclipses Solares coincidindo com Purim nos Últimos 100 Anos (1924-2024) verificamos que se tratam de eventos também singulares e não temos registros de eventos anuais consecutivos. Aqui estão alguns exemplos:
- 1925: 24 de março de 1925 (14 de Adar) – Eclipse Solar Parcial.
- 1941: 16 de março de 1941 (14 de Adar) – Eclipse Solar Anular.
- 1950: 18 de março de 1950 (14 de Adar) – Eclipse Solar Total.
- 1969: 18 de março de 1969 (14 de Adar) – Eclipse Solar Anular.
- 1987: 29 de março de 1987 (14 de Adar II) – Eclipse Solar Híbrido (tipo raro de eclipse solar que combina características de um eclipse total e um eclipse anular).
- 2006: 29 de março de 2006 (14 de Adar II) – Eclipse Solar Total.
Vale ressaltar, porém que em anos consecutivos tivemos a ocorrência de Eclipses Lunares e Solares em anos alternados, como é o caso dos eventos:
- 1968: 13 de março de 1968 (14 de Adar) – Eclipse Lunar Total.
- 1969: 18 de março de 1969 (14 de Adar) – Eclipse Solar Anular.
e
- 1986: 24 de março de 1986 (14 de Adar II) – Eclipse Lunar Penumbral.
- 1987: 29 de março de 1987 (14 de Adar II) – Eclipse Solar Híbrido.
Contexto Histórico e Profético dos Eclipses no Tempo de Ester:
A história de Ester se passa no Império Persa durante o reinado do Rei Assuero (Xerxes I). Curiosamente, registros históricos e cálculos astronômicos sugerem que eventos celestiais significativos, incluindo eclipses, ocorreram durante esse período. Esses eventos podem ter sido interpretados como presságios ou sinais pelas pessoas da época, adicionando uma camada de significado divino à narrativa.
Por exemplo, um eclipse solar ocorreu em 478 AEC, por volta do tempo em que Esther se tornou rainha. Esse eclipse pode ter sido visto como um sinal de favor divino ou um aviso de perigo iminente. Da mesma forma, um eclipse lunar em 473 AEC, pouco antes dos eventos de Purim, pode ter sido interpretado como um sinal de intervenção divina em favor do povo hebreu.
A conexão com Esther é encontrada nos temas de ocultação e revelação, assim como a identidade de Esther foi escondida até o momento crítico em que ela se revelou para salvar seu povo. Isto sugere que os eventos celestiais de nosso tempo também podem fazer parte de uma narrativa divina maior.
O Significado do Eclipse de Purim de 2025:
O eclipse lunar total em 14 de março de 2025 é particularmente significativo porque ocorre durante uma sequência de três eclipses de Purim. Esse eclipse, ocorrendo na constelação de Virgem, é visto como um sinal poderoso de julgamento e libertação divina. A cor vermelho-sangue da lua durante um eclipse lunar total tem sido associada há muito tempo a temas de sacrifício, expiação e redenção.
No contexto da história de Esther, esse eclipse pode simbolizar o ponto de virada, quando verdades ocultas são reveladas e a justiça divina é executada. Assim como a intervenção de Esther levou à libertação do povo hebreu, esse eclipse pode ser visto como um sinal de uma libertação iminente para Israel e as nações.
As Implicações Proféticas Mais Amplas:
A sequência de eclipses de Purim, combinada com outros sinais celestiais, aponta para um padrão auspicioso de comunicação divina, mesmo assim trata-se de um tema especulativo e não temos a pretensão de trazermos conclusões precipitadas. Esses eventos transcendem o mero fenômeno astronômico, inserindo-se em uma estrutura profética maior. Porém, a repetição dos eclipses na data de Purim, um festival que celebra a libertação e a providência divina, reforça os temas de ocultação e revelação, tão presentes na história de Esther e tão cabível no momento atual.
Esses sinais celestiais ganham ainda mais relevância ao se convergirem às tensões geopolíticas no Oriente Médio, especialmente entre Israel e o Irã, a antiga Pérsia. A narrativa de Esther, ambientada nesse mesmo cenário, retrata a luta entre as forças do mal, representadas por Hamã, e o plano divino para a redenção do povo de D'us. Essa conexão histórica e profética sugere que os eventos atuais podem ser parte de um desdobramento maior dos propósitos divinos.
Os eclipses de Purim não são apenas fenômenos celestes, mas são sinais carregados de significado espiritual. A tripla ocorrência em 2024, 2025 e 2026, alinhada ao calendário hebraico e às constelações bíblicas, ecoa os temas de ocultação, revelação e libertação presentes no Livro de Esther. Esses eventos parecem apontar para o cumprimento contínuo das promessas divinas, especialmente em relação a Israel.
Ao observarmos esses sinais, somos convidados a refletir sobre a soberania do Criador e Seu envolvimento ativo na história humana. A história de Esther, com seu clímax de intervenção divina em meio à escuridão, serve como um lembrete poderoso: mesmo quando os planos de Deus parecem ocultos, Sua mão está trabalhando para trazer redenção e cumprir Seus propósitos.
A constelação de Virgem, presente nesses eclipses, reforça os temas de colheita e redenção, ligados à proteção divina. Assim como Esther foi usada como instrumento de salvação em um momento crítico, esses eclipses podem ser interpretados como sinais de que Deus continua a agir em favor de Seu povo, guiando a história em direção ao cumprimento de Suas promessas.
